Amor Inédito (poesia de amor de Fernando Henrique de Passos)


"Amor Inédito"
por
Fernando Henrique de Passos
  
à Teresa




O RESGATE DE SANTA TERESINHA

O poema que ontem compusemos
Não foi escrito com tinta nem papel:
Escrevemo-lo no dia que acontece
Como quem reza baixinho alguma prece.

O poema que ontem compusemos
Não foi escrito com tinta nem papel:
Foi escrito em nós por quem nunca se esquece
De dar alento à luz sempre que a luz esmorece.

O poema que ontem compusemos
Não foi escrito com tinta nem papel:
Nasceu como fruto da memória
Do dia em que te dei um certo anel…

5/11/2015



AMOR

Que palavra redonda e delicada,
Que fruto doce e colorido,
Tão diferente do fruto proibido
Como das trevas difere a madrugada.

Que amanhecer de cores entre a verdura,
Que estremecer de folhas tão secretas
Que escaparam à monda dos poetas
E te ornamentam agora a formusura.

Que luzes fantásticas de Outono,
Degraus de sol da larga escadaria
Da qual foi dito que um rei a subiria
E que Eros-Rei sobe hoje até ao trono!

28/10/2015



PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Há estátuas de jade, de marfim,
De bronze, de mármore, de basalto;
Mas eu não queria dar-te nada assim,
Eu queria chegar muito mais alto!

Eu queria dar-te
No dia dos teus anos
Esta impensável obra de arte:

Uma escultura esculpida no amor!
Mas esses não eram os planos
Do nosso Criador.

E Ele, que tudo determina,
Determinou que este novíssimo escultor
Não desse formas à matéria-prima:
Recebe então intacto o meu amor…

9/8/2015

Fernando Henrique de Passos



A PERSISTÊNCIA DAS IMAGENS NA RETINA

Jardim assim frondoso,
Jamais o esquecerei.
Não sei se havia água
Contudo ouço-a correr.
Não sei se era no céu
Mas vejo tudo azul.
Não sei se eras princesa
Mas vejo-me correndo
Pisando nuvens leves
Macias como seda
Entrando num castelo
Subindo escadarias
Mais altas do que a lua
Entrando numa sala
Tão vasta como o mundo
Caindo de joelhos
Pedindo a tua mão
A qual foi concedida
(Jamais o esquecerei!)
Por mais do que algum Rei –
A bênção de te ter
Foi graça recebida
Do próprio Rei dos Reis!

20/7/2015



A ORAÇÃO ESQUECIDA DE S. FRANCISCO DE ASSIS

O amor infinito de Deus
pelos ratinhos do campo mais minúsculos
e pelos ínfimos beijos-dentadinhas
com que o ratinho do campo mais minúsculo
mordisca a sua amada:
eu quero ser a mais ínfima parcela
do infinito amor de Deus
pelos ratinhos do campo mais minúsculos.

29/5/2015



GÉNESIS

Quando arrancados fomos um do outro
Tu sangraste da ferida em ti deixada
Pelo rasgar de um ser em duas partes
E sangraste ainda a cada lua nova
E assim foi durante muitos anos.

Desde que por fim nos encontrámos
Tentamos voltar a ser um só:
Ferida na ferida, dor na dor
E a inquieta alegria de sentirmos
Que o borbotar da antiga plenitude
É como nascente cada vez mais próxima
Enquanto deslizamos rumo à foz.

30/3/2015



A CIÊNCIA DO AMOR

Anda comigo ‒
Vamos de mãos dadas.
Deixaremos o tédio das estradas
E só desejaremos para abrigo
A inocente luz das madrugadas.

Pisaremos a terra e não asfalto,
E a meninice eterna desses dias,
Além de gerar prosas e poesias,
Fará de nós dois sábios ao assalto
Do castelo das velhas teorias.

O mundo será vasto como um sonho
Mas caberá contudo num só verso:
Um verso firme, oposto ao seu reverso,
Um verso que será ‒ assim proponho ‒
A chave da expansão do universo.

19/2/2015



ESPOSA

Violeta guardando do orvalho
Como pérola a gota preciosa,
Presente matinal de que me valho
Se a tarde é seca e tenebrosa;

Princesa de épocas passadas,
Lenda que beijo, que abraço e que possuo,
Lagoa de fetos e esmeraldas
Onde eu, regato, desaguo;

Mel de abelhas criadas num vulcão,
Força da lava, sabor da alfazema,
Tinta dourada da paixão
Com que registo a cores este poema.

10/11/2014



O AMOR

O anel em torno do teu dedo
Como cintura em torno do destino
Como segredo do trono da ventura
Como cinzel esculpindo a traço fino
O abraço e o longo beijo infindo
Entre o calor dormente do desejo
E a ofegante calma da ternura
Entre o saber da alma que procura
E o fervor do ser que se alimenta
Das lentas madrugadas em que a luz do sol
Leva pela mão a noite escura
E a faz descansar da imensidão do medo
Num vasto mar de amor e aconchego

4/5/2014



O NAMORO

Palavra terna, eterna, meiga, doce
Que o mês de Outubro uma vez nos trouxe.
Fio de mel escorrendo de colmeia
Onde duas bocas se encontraram
E dois corpos, duas almas, dois destinos
Que desde então jamais se despegaram.

29/10/2014



NOVE DE AGOSTO

Conheço cada idade tua,
E todos os anos até te conhecer.
Conheço o espaço capicua
Que vai do teu amanhecer
À promessa que luta por nascer
No tardio céu da nossa rua.

(falo-te de fadas e de fogo
de escadas que sobem às estrelas
de velas que iluminam os altares de Agosto
de luzes que lambem liturgias mornas
de cânticos idênticos a cardume alado
enchendo de prata as noites perfumadas
pela poesia mansa dos pinheiros doces)

Conheço as manhãs e as noites deste dia
E amo tudo nelas
E sofregamente lhes sorvo tristeza e alegria
E ambas me dão forças para abrir janelas
Donde avisto Vénus, Sol e Lua…

…E esperam só Mercúrio, as três sentinelas
Do deslumbrante céu da nossa rua.

6/8/2014



ILHA

Cheguei de noite ao teu dia
Mas não trazia luar,
Nem estrelas, só poesia.
Deitei ferros na baía,
Tu deixaste-me ficar.

O mar sem tempo dizia
Que nunca houvera outro par
Como nós, nem haveria,
E o areal repetia
Os tempos do verbo amar…

15/6/2014



EXPLICAÇÃO
(nos vinte anos do nosso casamento)

Segredo ancestral das sombras góticas
Que espera paciente a hora certa
Em que um raio de sol sobre um vitral
Despertará o Rei desaparecido
De um sono de estepes invernosas
Para a luz ágil de algum Maio
Que sonhe com oiro e com trigais:

É desta matéria volátil mas real
Que é feito e vive o nosso amor.

19/2/2014



NOVEMBRO

Espanto do dia claro de manhã.
Canto da luz à superfície
Das coisas que emergem do torpor
De muitas noites sem sonhar.
Ar mais tépido do que seria de supor,
Suponho eu, se é que me lembro
(Novembro há vinte anos podia ser Agosto).
Espanto do dia, mas também do polícia sinaleiro,
Ao ver-me passar tão bem disposto.
Canto da luz, por certo –
Mas também eu cantara no chuveiro
E sonhara contigo até raiar a madrugada,
E mais sonhara depois já de desperto,
E sonhava ainda ao pôr manteiga na torrada.

Espanto do dia claro de manhã.
Canto da luz à superfície
Das coisas que emergiam do torpor
De muitas noites sem sonhar.
Foi em Novembro –
Como não me havia de lembrar?

4/11/2013



SEGREDOS

Só eu conheço o teu olhar de rapariga alegre
Pois só a mim tu o revelas.
(E ver-te alegre vale muito mais
Que mil palavras belas.)

Só tu me lês na confusão das entrelinhas
Pois só a ti eu dei meu alfabeto.
(E que ninguém se meta de permeio
No nosso pacto secreto.)

Só nós sabemos tudo o que Deus por nós tem feito –
Não há ninguém que o pague.
(Mas o que ainda um pelo outro nós faremos,
Nem nós sabemos – só Deus sabe.)
  
29/10/2013



NESTE DIA

Olha:
Entre as palavras desmanchadas de um poema anónimo
(Agosto é um lago no meio dos lírios)
Brotou uma nascente de água fresca
(Delírios de luz a lavar Lisboa)
És tu – nasceste

Vejo-te em sucessivas idades sobrepostas
(Num largo parado à espera de vento)
Tens quinze anos e vejo-te dançar
(Grandes monumentos projectando sombra)

É noite – é ontem – a pura nudez da vinda ao mundo
(Agosto é parar, respirar murmúrios)

Vejo-te nos sucessivos delírios da luz desta jornada
(Agosto é um lago liberto das margens)
Na sombra estreita das ruas de Lisboa quando são duas da tarde
(Secreta viagem ao centro do tempo)
E na resposta a todas as perguntas mais antigas:
Nasceste – é hoje – és tu

7/8/2013



NOS VINTE ANOS DO NOSSO PRIMEIRO ENCONTRO

Foi um jardim
A sala de visitas do destino.
Passeámos no meio dos canteiros,
Falámos de poesia,
Sem nos sabermos ainda passageiros
Do trem que partia nesse dia.

E esse dia, porque era tão diferente?
Era Julho, era sol,
Era luz, era haver tempo;
Não sei se era calor ou sombra acolhedora,
Nem se era o paraíso
Ou se era território português –
Mas isto é certo – Era uma vez…

19/7/2013




DIA DEZANOVE, HÁ DEZANOVE ANOS

Feitiço do frio de Fevereiro:
Sinto-me diferente ao acordar.
Magia do calendário feiticeiro:
É dia dezanove e vou-me casar.

As janelas do meu quarto de solteiro
Abrem-se sozinhas de par em par.
Entra o fulgor do sol de Fevereiro
Que me vem saudar.

Sinto no corpo um formigueiro,
Quero já sair, mal posso esperar.
Hoje é dezanove de Fevereiro:
Temos um encontro em frente ao altar…

13/2/2013



DIA DOS NAMORADOS / 2013

No Dia dos Namorados,
No Dia de S. Valentim,
Com mil cuidados
Marcamos um encontro,
Um encontro secreto no jardim.

Ao meio-dia em ponto
Do Dia de S. Valentim
Junto à fonte antiga
Sorris para mim
E és de novo rapariga
E somos namorados
Pois cada um dos beijos por nós trocados
(Felicidade)
É um ano a menos na nossa idade.

14/2/2013



A LUZ DAQUELE DIA

Na velha rua da velhíssima cidade
Passa um velho casal de namorados,
Os rostos orvalhados
Pela manhã de Inverno.
Sobe no céu o sol que o Padre Eterno
Mandou que brilhasse intensamente.
Vinda do mar,
A névoa fresca sente
Que o dia a vai amar.
O cheiro a maresia
Acorda e inebria
Um bando de pardais.
A catedral deixa brilhar os seus vitrais
E abre as portas ao par de namorados.
Ei-los agora ajoelhados.
“Lembras-te daquele dia de Novembro?”,
Diz ele. Diz ela: “Lembro…”
Deram as mãos. Olham o altar.
Ouvem o som do mar a marulhar,
A lembrar-lhes o mar daquele dia.
E o cheiro a maresia
Invade a catedral,
Beija ao de leve um castiçal,
Acende uma chama numa vela.
Além dele e dela,
Mais ninguém a vê.
Olham-se e sorriem ‒ só eles sabem de quê…

1/11/2012



1993

Finistérricos e finisseculares,
Largámos terra,
Fomos pelos mares.
Aportaremos um dia a outro continente,
Nunca alcançado por navegador algum,
Nem mesmo português,
Mas não esqueceremos o dia da partida,
Naquele longínquo 93,
Em que largámos terra
E fomos pelos mares,
Finistérricos e finisseculares…

27/9/2012



NASCIDA EM AGOSTO

Impressão táctil de luz no ar dolente,
A fissura no dia entre manhã e tarde
Deixa entrever canteiros de hortelã
E um perfume verde
Que sobe até aos frutos já maduros
E por eles desliza rumo ao céu
Roçando de passagem nos telhados.
Chamam por ti o canto das cigarras,
A janela a gemer nas dobradiças,
O ranger dos sapatos do teu pai.

Vem, rasga as cortinas,
Surpreende a brisa fatigada,
Une manhã e tarde num só tempo
E caminha decidida pelos anos,
De pés descalços corre sobre as pedras,
Corre sobre a dor que só tu sabes.

Não pares nunca.
Estarei à tua espera no Inverno,
Falto de luz,
Faminto do canto das cigarras,
Da brisa morna,
E do doce gemer de uma janela
Que se espreguiça e volta a adormecer
Sonhando que é cortejada pelo sol…

9/8/2012



DEZANOVE ANOS

Faz hoje dois dias,
Fez dezanove anos
Que nos conhecemos.
Faz hoje dois dias,
Tu estavas ausente,
A casa vazia.
O dia doía
De te ver doente.

Lá longe de casa
Teu corpo sofria.
Mais sofria a alma
Por falta de amor
Das que te acolhiam
Na cama moderna,
Cama articulada,
Cama gradeada,
Cama vigiada,
Cama desprezada
Por mulheres-robô
Com alma de cão,
Que se riem muito,
Riem sem parar,
Riem sem razão.

Eu, na nossa casa,
No nosso jardim,
Colhia sorrisos
Para te levar,
E juntava as letras
Da palavra amar.
E ao meio-dia
Ia-te encontrar;
E ao meio-dia
A tarde cantava
Da  nossa alegria…

22/7/2012



FRENTE AO PRECIPÍCIO

Dois cães de porcelana
Partidos nos meus dedos.
A luz que nos engana.
A sombra dos segredos.

A eternidade congelada em dois pedaços de porcelana partida entre os meus dedos

Latidos noutra estrada
E noite, árvores despidas.
A morte congelada
Em taças esquecidas.

As rachas do que resta do azul dos cães a lamber o pó de porcelana

Há vultos, silhuetas
E fendas nas paredes
E negras borboletas
Poisadas em cães verdes.

A porta aberta sobre os precipícios de luz e a vertigem da embaixada de deuses desconhecidos que esperam por nós

Os cães agora são vermelhos
E os seus olhos são espelhos
Que reflectem escaravelhos
Que reflectem quedas de água

Delírio do céu azul-feroz caminhando nas margens da ponte de corda suspensa sobre a espuma de um rio que grita mar

Os cães agora são de prata.
O fino pó de porcelana
É dissolvido na cascata.
O céu serena.

Suspiros dos corpos que se espreguiçam sobre a relva e cobras amansadas sorvendo o doce néctar roubado aos colibris

Sobre o teu cabelo uma grinalda,
Folhas de fetos a teus pés.
Pego-te na mão e caminhamos
Até ao rio, à frente das marés.

Embaixada de ondas roçando-se na praia onde a água doce e a salgada se misturam alquimicamente despojadas do medo dos abismos

Ficamos aqui,
Para quê caminhar mais?
Vem, respira fundo,
Vamos mergulhar nos sonhos dos corais.

14/3/2012



A ÚLTIMA FRONTEIRA

Eis-nos então na última fronteira.
Entre o sol que se extingue e a noite que se abeira,
O céu penetra o solo.
Eis o último cigarro que eu enrolo.
O fumo cinzento não se espalha,
Mas o vento arrasta areia, lixo e palha.

O carro não trabalha,
Mas o som do motor enche o deserto.
A tua mão que, firme, aperto,
Consegue ainda que eu não caia.
Ondula levemente a tua saia,
Ondula o teu cabelo,
E o horizonte agita o seu apelo,
Cada vez mais nítido e urgente.

Vamos em frente…

4/3/2012



PRIMAVERA EM FEVEREIRO
(18 anos de casados)

Eras tu quem estava à minha espera
Quando me ergui do fundo da preguiça
Procurando voltar à Primavera
Por entre nuvens de caliça.

Desabara a minha construção,
Chegara o Inverno sem aviso,
Quando no escuro surgiu a sedução
Da esperança de paz do teu sorriso.

Por entre os destroços me guiaste
Até ao verde bosque da alegria.
E cada folha, cada haste,
Anunciava já o nascer desta poesia.

19/2/2012



CONFIRMAÇÃO

Frente ao mar te declarara o meu amor.
Frente ao mar o confirmei.
Acima do mar, no alto da falésia,
Numa voraz vertigem benfazeja
Que nos arrastava para o alto.
Sim, podemos cair, caindo para cima,
Mergulhar no céu,
Bebendo a neblina matinal,
Escancarados à luz, em ascensão,
Subindo mais e mais, rumo à altura.
E assim fizemos.
E assim começou nossa aventura.

5/11/2011



NO PRINCÍPIO ERA O MAR

Levei-te à praia em Outubro
Num carro desengonçado.
Via-se o ar transparente,
Via-se o Sol orvalhado.

Levei-te à praia onde andara
Nos meus tempos de criança.
Onde o mar fora tão bravo
Agora a água era mansa.

Pra além do vidro do carro
Estendia-se o areal.
Pra além da areia era o mar,
Frase sem ponto final.

E a frase que eu procurava
Pra pedir que fosses minha,
Enquanto eu a procurava
Soprou-ma a brisa marinha.

Uma gaivota passou,
Rasou-nos no seu adejo.
E foi ela a testemunha
Do teu sim e do meu beijo.

29/10/2011



FILHA DA LUZ

Nasceste no Verão, num dia de calor,
Do zumbido das abelhas de flor em flor,
Do lento labor das trepadeiras,
Do adocicado perfume das roseiras,
Dos densos fios de luz doirada,
Quando a manhã se retirava, fatigada,
E a tarde se acercava da janela
Num transparente desmaio de aguarela.
Nasceste no Verão, num dia quente,
Nasceste pura e inocente.
Nasceste da fonte de luz que quase cega,
Fadada ao infortúnio e à entrega.
Mas nunca iria eu supor
Quão sublime viria a ser o teu amor.

9/8/2011



A TUA VOZ
(No 18º aniversário do nosso primeiro encontro)

Tocou o telefone estava eu deitado.
Não estava a dormir nem estava acordado.
Fumava a preguiça por um narguilé.
Já não tinha forças pra me pôr de pé.
Algas me cresciam do meu corpo inerte,
Náufrago parado que a água derrete.
Náufrago nas ondas do calor do ar.
Lânguida a cabeça, já sem querer sonhar.
Tocou o telefone. Seria o destino?
Eu já o esperava quase de menino.
Tocou o telefone. A custo me ergui.
E, sem o saber, dirigi-me a ti.
De rastos cheguei à sala sombria.
(Janelas fechadas contra a luz do dia.)
Tremendo peguei no auscultador.
Cada movimento me causava dor.
O peso da vida era um peso atroz.
Mas do outro lado estava a tua voz.
Toda a tua força, toda a tua fé,
Fizeram em cacos o meu narguilé.
Convocaste a alma do meu ser doente,
Essa alma à espera de uma voz diferente.
Deste-me uma hora, deste-me um local.
Eu fiquei à espera num triste quintal.

Um quintal de cinzas, queimado por mim.
Mas, chegada a hora, eu fui-te encontrar
No olor das rosas espalhado no ar,
Na casa de luz que era o teu jardim…

20/7/2011



DOS TEUS LÁBIOS
(No 17º aniversário do nosso casamento)

Pediste a Jesus
Que me desse a beber a água da vida
E Ele fez de ti uma nascente
Para que de ti eu a sorvesse.
Sequioso procurei teus lábios,
Secos os meus de um vento seco e agreste.
Pedi-te um beijo.
E tu deste…

19/2/2011



DA NOITE SE FEZ DIA

Boiando no lago cinzento,
Um anel.
O vento desatento
Agita-lhe o brilho cor de mel.

Paisagem lunar,
Ou luz do Paraíso,
Só não me queria separar
Da cor do teu sorriso.

Doce magia:
O anel toca o meu ser cinzento
E alumia
O escuro vento.

Ponho o anel no teu dedo,
Bebo o teu sorriso,
Esqueço o breu, o breu e o seu medo,
Ao ver no verde dos teus olhos a cor do Paraíso.

E assim hoje és minha
E eu sou teu,
A noite definha,
O dia venceu!

5/11/2010



O PEDIDO

Lembro-me do sol,
Do areal de fins de Outubro,
Deserto e calmo,
E de nós dois olhando o mar.
Seria preciso falar?
Lembro o sussurro das gaivotas,
De asas brancas como as nossas almas,
Livres no azul que as deixava voar:
“Será agora que ele vai falar?”
E o vento era frio
Mas parecia aconchegar.
Lembro-me das chaves do meu carro,
Tão velho e levando-nos tão longe.
E o tilintar das chaves
Era como o sussurro das gaivotas
E como o som do vento e o som do mar
E todos não faziam
Senão aguardar.
Tolos… não sabiam
Que o teu olhar
Já dizia sim
Antes ainda de eu falar…

29/10/2010



OS ANOS PASSADOS E OS ANOS POR PASSAR

A rapariga
Que é mais que minha amiga
Faz hoje anos.
Trabalhadora como a formiga
E alegre como a cigarra,
É maior entre os humanos.
Que toque a fanfarra,
Que brilhe o fogo de artifício
Neste dia de vida e novo início!
Que transborde vinho pelas taças
Em mais este aniversário que tu passas!
Porque essa rapariga és tu, oh minha amada,
E eu quero que hoje raie a alvorada
De uma nova era
Em que seja sempre primavera
E em que a brisa fresca e olorosa
Faça desabrochar como uma rosa
A certeza de que os anos que hão-de vir
Só te verão sorrir!

9/8/2010



17 ANOS DE SALVAÇÃO

O meu corpo era feito de derrotas.
Tentei fugir-lhes; parei num areal.
Afastavam-se ao longe velhas frotas.
Se eu pudesse entender as suas rotas
Não me sentiria por certo assim tão mal.

Frente ao mar cismava.
(O ar era de gelo.)
A sua voz cava
Ribombava
Num apelo.

Foi tão grande meu fascínio pelo mar
Que, atordoado pela sua profundeza,
Volteei em seu redor, fui-me a afogar.
Vieste-me salvar,
Doce Teresa.

Voltámos juntos no rugir do vento,
Entre as algas, a espuma e as gaivotas.
Na praia dormimos, ao relento.
Depois, ensinaste-me o alento
E o sentido daquelas velhas frotas.

E o teu olhar é tão sereno
Que faz esquecer o mar-abismo
E seu apelo molhado de veneno.
E já não peno…
E já não cismo…

20/7/2010



DEZASSEIS ANOS DE CASADOS

Um par de pares de pares de pares
De anos de alegria
Voando pelos ares
Na estratosfera fria
Acima dos mortais.
Onde vou? Onde vais?
Não sabemos.
Voamos lado a lado
E juntos muitos mais anos voaremos
Num voo ora calmo ora agitado.
Mas nada pode correr mal:
Quem alimenta a nave da aventura
É o ancestral
Fogo da ternura.

19/2/2010



DIA DOS NAMORADOS / 2010

Vamos de mão dada
Porque és a minha namorada.
Que idade temos? Cinquenta? Sessenta?
Pouco importa: o coração ainda rebenta
De paixão.
E tenho uma visão:
Mascamos chiclete,
Porque tu tens dezasseis e eu dezassete!
Roubo-te um beijo num jardim escondido.
O teu olhar tinha-mo pedido?
Esquecemo-nos do tempo, perdemos a aula.
Mas com este sol, quem quer ficar fechado numa jaula?
Encostas a tua cabeça no meu ombro. O teu cabelo cheira a rosmaninho.
Faço-te uma festa e digo-te baixinho:
Quando casarmos, seremos felizes como nunca fomos…
E então acordo: já o somos!

14/2/2010



SETE BÊNÇÃOS

Sete estrelas benfazejas,
Dezasseis anos atrás…
Tu eras sete princesas,
Eu teu cavaleiro audaz.

Sete estrelas de noivado,
E sete fadas madrinhas.
Um futuro abençoado,
Disseram sete adivinhas.

Sete pedras no anel,
Humildes e pequeninas.
Mas talhadas por cinzel
Guiado por mãos divinas…

5/11/2009



EMBARQUE

Há algo de novo na manhã brumosa,
Poesias que brotam da rocha, da prosa,
Dos gritos das aves e do vento gelado,
Das fendas na terra e do ar, que é gelado,
Da luz do sol pálido e da fina areia,
Da espuma das ondas e da maré-cheia,
Dos cristais de sal e do nevoeiro,
Deste promontório e do mundo inteiro.

No meu pobre carro, tu estás a meu lado.
Eu não digo nada, o mar está calado.
Ao longe um castelo, muito, muito antigo…

Fico mais atento:
Eis que agora o vento, se fala, é comigo
E me dá alento e me dá coragem.
Chegou o momento:
Peço-te que venhas na minha viagem…

28/10/2009



NO 9 DE AGOSTO DE 2009

Passa o tempo, gota a gota,
Num bater sinusoidal,
E hoje a minha garota
Celebra mais um natal!

Escorre o tempo devagar,
Conduzindo os seres humanos,
E hoje, tu, o meu par,
Tens mais uma festa de anos!

Detém o tempo a passada,
Faz de tua sentinela,
Porque hoje tu, minha amada,
Apagas mais uma vela!

E o tempo volta a passar
Mas não te importas com isso:
Quem só sabe melhorar
Tem o tempo ao seu serviço…

9/8/2009



NAQUELE DIA

Naquele dia,
Tu vinhas do fundo do fim da esperança,
Eu vinha à tona da minha letargia.
Vínhamos cansados, que o desespero cansa.

Mas daquele encontro renasceu o alento
Que há já tanto tempo nos abandonara.
E uma tarde qualquer, por esse breve momento
Se transformou numa hora rara.

Dali ao amor não foi mais que um passo,
E seguiram-se outros, pisando o torpor.
E beijo após beijo, abraço após abraço,
Eis dezasseis anos a celebrar amor.

20/7/2009



QUINZE ANOS DE CASADOS

Passados quinze anos,
Naufrágio em alto mar.
Há gritos desumanos,
Agoiros a uivar.

Grande foi a vontade
Ao leme do navio.
No fim da tempestade
Tudo é o nada, o frio.

Tudo engoliu o mar,
Num vórtice de horror.
E só resta a boiar
O nosso eterno amor…

19/2/2009



O NOSSO AMOR

Encontramo-nos no lugar da ternura.
É o nosso terreno comum.
Para enfrentarmos juntos a agrura,
Não precisamos de mais nenhum.

Podíamos passar sem noites escaldantes,
Estar em desacordo nas opiniões,
Gostares mais da praia, e eu do campo antes,
Não alimentarmos iguais ilusões.

Tudo isso é nada se as almas se tocam
Ao nível do que é a maior fundura,
E os seres abraçados juntos desembocam
Na larga planície onde cresce a ternura.

8/2/2009



NOS QUINZE ANOS DO NOSSO NOIVADO

O anel é circular,
Não tem princípio nem fim.
O nosso amor é assim,
É eterno o nosso amar.

Desde o princípio do mundo
Caminhamos lado a lado,
E mesmo o nosso noivado
Foi reencontro, no fundo.

Éramos já como um só
Antes de a Terra nascer.
Continuaremos a ser
Quando tudo for já pó.

Passe o Verão, venha o Inverno,
Passe o tempo que passar,
O anel é circular,
E o nosso amor é eterno…

5/11/2008



A DECLARAÇÃO

Vem comigo até ao mar,
Quero dizer-te um segredo;
Saímos de manhã cedo,
Há muito caminho a andar.

Vou-te dizer que te quero,
Que não te quero deixar.
Vem comigo até ao mar,
Que sem ti eu desespero!

Vou pegar na tua mão
Enquanto olharmos o mar
E a água a marulhar
Vai selar nossa união.

Depois vamo-nos beijar
E o mar será de ternura.
Mas isso é lá na lonjura,
Há muito caminho a andar.

Há muito caminho a andar,
Hoje e pela vida fora.
Vamos, vamos já embora,
Vem comigo até ao mar!

29/10/2008



NÃO CONTES OS ANOS, OS ANOS NÃO CONTAM

O tempo passa por ti
E vais ficando mais bela.
Fosse eu ao menos pintor,
P’ra te pôr na minha tela!

O tempo passa por ti
E és cada vez mais amiga.
Fosse eu um compositor,
P’ra te pôr numa cantiga!

O tempo passa por ti
E cresce a tua brandura.
Fosse eu um grande escultor,
P’ra te pôr numa escultura!

O tempo passa por ti
E espalhas mais alegria.
Fosse eu ao menos poeta,
P’ra te pôr nesta poesia!

9/8/2008



NO 20 DE JULHO* DE 2008

Ao fundo da noite
Há uma lanterna.
“Ó luz vacilante,
É a noite eterna?”

E responde a luz
Do fundo das trevas:
“Na tua viagem,
Quem contigo levas?”

“Viajo sozinho.
Só por companhia
Levo o meu passado
E de hoje a agonia.”

“Assim te perdeste.
Mas encontrarás
Hoje uma mulher
Com quem vencerás.”

“Como a reconheço?
Como sei que é ela?
Responde-me, ó luz,
Ó paz na procela.”

“É ela a que tem
No sereno olhar
Esta mesma luz
Que em mim vês brilhar…”

20/7/2008

*Quinze anos depois do nosso
encontro na Gulbenkian,
recordando a tua luz,
que nunca mais deixou
de me acompanhar.



NO 14º ANIVERSÁRIO DO NOSSO CASAMENTO

O tempo é nosso aio,
A noite é tua dama de honor.
Os invejosos olham de soslaio
Cada minuto do nosso amor.

O tempo é a altura
De onde olhamos a vastidão que nos rodeia.
E é sempre altura de nos lançarmos no mar à aventura.
E é sempre maré-cheia.

(E cortamos as ondas de mão dada
E o mar inteiro é a nossa estrada.)

O tempo é nosso serviçal,
A noite é nossa camareira.
A nossa vida é sempre nupcial,
E o nosso amor é para a vida inteira.

19/2/2008



O ANEL MÁGICO

Quando pus o anel na tua mão,
Brilhou mais do que o sol de qualquer Verão.
A luz que derramou sobre nós dois
Foi magia nessa altura e bem depois.
Esse anel ainda é como um farol
A brilhar mesmo quando não há sol.
Uma jóia fabricada só com luz,
Permanente clarão que nos conduz.
Brilha mais quando a noite é mais escura.
(E é quando sua luz fica mais pura…)
E com sua perpétua claridade
Iremos juntos pela eternidade…

5/11/2007



UM SIM PARA A ETERNIDADE

Há catorze anos disseste-me sim.
A tua palavra ainda vibra em mim.
E hoje nas horas em que há desalento
Posso encontrar forças naquele momento.
Posso encontrar forças nesse dia bom,
Rever sua luz, teu sim e seu som.
Mas porquê viver de recordações
Se vivem tão juntos nossos corações?
O teu sim revive cada novo dia,
Cobre de doirado a nossa alegria.
Mas faz bem lembrar o dia bendito
Em que abriste as portas para o infinito!

29/10/2007



TREZE ANOS DE CASADOS

Pois o décimo terceiro
Ano deste casamento
Chegou agora ao seu fim
E não foi nada agoirento.

Se se diz que o número treze
É o número do azar,
Connosco não foi assim:
O treze veio ajudar.

Ajudou porque sofremos
Mas soubemos resistir.
E quando dois sofrem juntos
O sofrer só faz unir.

Bendito, pois seja o treze,
E que venham novos dias
Que passemos sempre juntos
Com penas ou alegrias.

18/2/2007



DIA DOS NAMORADOS DE 2007

É Dia dos Namorados,
Dia de S. Valentim!
Olho p’ra todos os lados,
Só te vejo a ti e a mim!

Bem sei que somos casados,
Mas vamos a um jardim
Tal como dois namorados
A trocar beijos sem fim!

A paixão e a ternura
São as mesmas do começo
Da nossa bela aventura!

Vejo-te sempre mais bela
E dia a dia envaideço
De seres a minha donzela!

14/2/2007



NATAL PASCAL

Temos um dia só nosso,
Um dia que é especial.
E até acho que posso
Chamar-lhe o nosso Natal.

Eu estava muito doente,
Estava mesmo muito mal.
Tu foste a presa inocente,
Foste o Cordeiro Pascal.

Pores este dia na agenda,
Foi prenda celestial.
Foi a antecipada prenda,
Dias antes do Natal.

E mudaste o meu destino,
Que era um destino fatal,
Pouco antes do Deus Menino
Festejar o seu Natal…

11/12/2006



CERTEZAS

Existo.
Estou aqui.
Sob Cristo
E ao pé de ti.

Ando.
Não estou parado.
E, caminhando,
Por certo chegarei a algum lado.

Vou prosseguir,
Mesmo com dor.
O que pode ela
Perante a força
Do nosso amor?

4/12/2006



O SENHOR DO ANEL

Combatia contra monstros e dragões,
Desconhecendo a razão do seu combate.
Já à beira do fim, do xeque-mate,
Deu por si em frente de uns portões.

Decidiu abri-los, e entrou
Num bosque denso e encantado.
Desfez-se da espada e, desarmado,
Pelo denso bosque caminhou.

Avistou por fim uma casinha
E um vulto recortado na janela.
Chegando perto, viu que era uma donzela
E percebeu “Tem de ser minha”.

Viu um anel caído entre o folhedo,
A brilhar como um astro esquecido.
“Com ele jamais serei vencido”,
Pensou, ao pegar-lhe a medo.

Dirigiu-se à donzela que, afinal,
Não esperava outro senão ele.
Colocou-lhe no dedo o belo anel,
Beijou-a à luz de uma aurora boreal.

Voltaram juntos aos caminhos do Mundo,
Combatem ainda monstros e dragões.
Anima-os a força de um amor profundo
E agora conhecem todas as razões.

4/11/2006



HÁ TREZE ANOS

Na Nau dos Corvos
Há treze anos
Nós embarcámos.
E, desde então,
Juntos fendemos
Os oceanos.

Com tempestades,
Ou com bonança;
Tanto nos faz:
Nada desfaz
Esta aliança!

Louca aventura,
Ventura a dois,
Amor sem fim,
Desde esse dia,
Desde o teu sim!

28/10/2006



9 DE AGOSTO DE 2006

É nove de Agosto
E estou bem disposto
Porque é o teu dia.
Para celebrar
Eu vou-te acordar
Com esta poesia.
Há já luz lá fora
A louvar a hora
Que te viu nascer.
Olho para ela
E abro a janela
Para a oferecer
À mais doce amiga
Que este mundo abriga
E é tu, minha flor!
Repitam-se os dias
Cheios de alegrias
E cheios de Amor!

9/8/2006



ENCONTRO ABENÇOADO

O dia era de Verão
Quando nós nos conhecemos.
Já passaram treze anos
Mas nem que passem trezentos
Algum dia o esqueceremos.

O dia era de Verão,
Só podia ser assim.
Encontrámo-nos no bar
Mas como o sol nos chamava
Subimos logo ao jardim.

O dia era de Verão,
No ar o odor de alfazema.
E as peças do destino
Começavam a juntar-se
Como os passos dum teorema.

Havia no céu sorrisos,
Risos brotavam do chão.
Toda a alegria do mundo
Nos juntou pra toda a vida
Porque o dia era de Verão.

20/7/2006



DOZE ANOS DE CASADOS

Pensei oferecer-te um poema neste dia
E peguei na caneta, como antes fazia.
Procurei palavras para pôr nesta folha,
Mas, escolher palavras, que difícil escolha!
Parecem tão pálidas e tão apagadas
Se comparadas
Com a nossa união…
Por isso te peço perdão:
Não sou capaz de escrever qualquer poesia
Que ultrapasse estes doze anos de amor e de alegria!

18/2/2006



NO 5 DE NOVEMBRO DE 2005

No meio da serra,
Tão perto do mar,
Não sei se é o vento,
Se estou a voar!
No meio da serra,
Tão perto do mar,
Não sei se é um pássaro,
Se és tu a cantar!
No meio da serra,
Tão perto do mar,
Faz hoje doze anos,
Pensámos casar!
No meio da serra,
Tão perto do mar,
É dia de rir,
Cantar e bailar!
No meio da serra,
Tão perto do mar,
É dia de festa,
Vamos festejar!

5/11/2005



NO 9 DE AGOSTO DE 2005

Passam dias e semanas,
Passam meses, passam anos.
Quanto mais o tempo passa
Mais juntos nós caminhamos!

Hoje é outro Aniversário,
Dou-te aqui os Parabéns!
Quanto mais o tempo passa
Menos idade tu tens!

Passam meses, passam anos,
E o tempo vai-nos polindo.
Quanto mais o tempo passa
Mais o nosso amor é lindo!

Passe o tempo que passar
Não tenho mais que um desejo:
Cavalgar contigo o tempo,
Sempre num eterno beijo.

8/8/2005



ONZE ANOS DE CASADOS

Por todo o lado o mesmo clamor:
Falam em tédio e rotina,
Que o casamento é o fim do amor,
E que a paixão é breve e repentina.
O nosso casamento, baixinho, murmura,
Diz-lhes ao ouvido que estão enganados,
Que a paixão pode durar, e que perdura
Onze anos passados.
Clarão da luz do dia mais brilhante,
Relâmpagos na noite mais intensos,
Presença de um no outro mais constante,
Espaços de paz mais e mais extensos.
O carreiro que partiu da noite escura
Já se tornou luminosa avenida.
Valeu a pena a nossa jura
De sermos um do outro toda a vida!

18/2/2005



ANEL DE ESTRELAS

O dia mais feliz da tua vida
Foi também o meu dia mais feliz.
Pedi-te para seres a minha esposa,
Disseste-me que sim.

No anel que pus na tua mão
Brilhavam sete estrelas irreais.
Eram estrelas de um mundo tão longínquo…
Eram sóis em busca de uma Terra.

E tu foste a minha Terra Prometida
E eu quero ser o sol que te dá luz.
E vamos juntos no mar das cósmicas poeiras
Em busca dos confins do universo.

5/11/2004

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixe aqui o seu comentário