quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Palavra de estrelas...


«Estrela 4000 b - Ah! Sabes que vislumbro algo como um ecrã… há palavras a vaguearem lentamente e a inscreverem-se em imagens velozes e, ao mesmo tempo, sem movimento.
Carta C2 - Eu sou tão pequenina e a conseguir ouvir a uma tal distância…falas em imagens sem qualquer movimento?
Estrela 4000 b - Não sei… pressinto um som inaudível.
Carta C2 - A mim atravessam-me vários sons. Parece que há ainda um conhecimento em busca de si próprio e sinais minúsculos encadeiam-se, de modo labiríntico, para o descobrir.
Estrela 4000 b- Há uma linguagem significante à procura de respostas.
Carta C2 - E uma incerteza audaz dilata-se a todos os que procuram a diferença, o inesperado ou o idêntico...
Estrela 4000 b - Antes de tudo o idêntico, mas também a diversidade daquilo que possui uma integridade de ser.
Tempo 01 - Dentro de mim só há palavras… palavras que existem, sem tocar nem mesmo ao de leve, o sentido ou os sentidos de tantas ideias encobertas de simbolismo… cada palavra sem se aperceber que existe, como uma identidade única para ser oferecida a quem a recebe.
Estrela 4000 b - O que fazem as palavras, afinal?
Carta C2 – As palavras, ah, as palavras… como são fugazes nos sons encobertos em imagem…as palavras anunciam…
Estrela 4000 b – Anunciar… que palavra!
Carta C2 – E não imaginas quantas palavras estão inscritas em cada palavra…»

Teresa Ferrer Passos, Planeta Joyce 8,  2007, 1ª edição, p. 19.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Uma memória que não se corrompe


«Nos campos de concentração, num mesmo dia, primeiro escutava-se Schubert e depois torturavam-se e matavam-se pessoas»
                                                     George Steiner


Uma memória não se corrompe se assenta na injustiça e na crueldade. A memória dos mortos e dos torturados nos campos de concentração nazis, na Europa e outros lugares do mundo, é uma homenagem às vítimas e uma expressão de repúdio pelos vitimadores. No mundo contemporâneo, vemos emergir, um pouco por todo o mundo, novas formas de escravidão do ser humano. E são as ideologias assentes em ordens de Deus, inclusive para matar, que as podem sustentar com mais eficácia. Porque alguns homens acham-se com o direito de as executar!
27/Janeiro/2015
                                                    Teresa Ferrer Passos


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Palavras do filósofo Fabrice Hadjadj

Filósofo Fabrice Hadjadj
«A evangelização é o anúncio do Deus feito homem e não de Deus, porque em nome de Deus é possível desprezar o homem e cair num anti-humanismo teocêntrico».

«Não super-homem, mas simplesmente homem. Não chefe religioso organizando razias, mas pobre trabalhando com as suas mãos, pedindo de beber a uma Samaritana».

«Para começar a sair da crise económica e antropológica atual, seria necessário reencontrar não só o sentido de Deus e do espírito, mas também e sobretudo o sentido da família e da filiação, da paternidade e da maternidade».

Fabrice Hadjadj
(excertos da conferência
no II Encontro Nacional de Leigos
sob o tema«Recolocar o homem no centro»
em 24 /1/1015, no Porto)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A causa da criança



Ganhou o bom senso, ganhou a causa da criança. A maioria dos deputados da Assembleia da República derrotou as propostas de Lei para a adopção de crianças por homossexuais. Um passo foi dado contra a invasão de uma ideologia materialista que, dizendo-se defensora da natureza humana, apenas se compraz com a sua transgressão, mesmo a sua violação.

O avanço de todas as expressões de minimização do ser humano está bem à vista. Todos os dias a comunicação social nos transmite essa cruzada. Uma parte da nossa sociedade quer reduzir a escombros os pilares mais estruturantes da humanidade. O anti-especismo é apenas uma das coordenadas dessa campanha.

Mas, o facto de ser apenas uma das coordenadas, não deixa de ser uma das mais fracturantes e diabólicas realidades do mundo contemporâneo. E que está também na raiz da pretensão de aprovar leis como a que acabou de ser discutida, mais uma vez, no Parlamento português. 

23 de Janeiro de 2015
                                                      Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A adopção de crianças por homossexuais...





Uma lei que permite a adopção de crianças por casais homossexuais é uma aberração moral. Mais uma entre todas aquelas que se vão aprovando através das votações parlamentares, neste caso, na Assembleia da República Portuguesa.

Há uma parte da nossa sociedade que é ávida de leis que querem fazer crer que são, não só inofensivas como um acto de justiça. Procura essa parte da nossa sociedade, contemplar interesses que reconhecem como próprios, esquecendo que as crianças não são ouvidas, as crianças que seriam as únicas pessoas que deviam ser ouvidas, pois é delas que se trata, são elas o objecto da lei.

Mas, essa parte da nossa sociedade, esquece-as porque a sua opinião se lhes sobrepõe. Ou pensará que tudo pode decidir sem ter em conta a condição infantil, a condição de a criança não se poder pronunciar sobre uma mudança radical no ambiente familiar de base? Essa parte da nossa sociedade sabe que as crianças, porque são crianças, têm de se sujeitar e subordinar às leis que os adultos lhes impõem.

Por isso, quer fazer leis novas só com a sua parcial opinião e  não tendo sequer em conta os princípios de uma natureza humana que, cada vez mais, é desrespeitada. É nesta nova moral, o que não quer dizer nunca que seja melhor, que vão obrigar a viver muitas crianças que não se podem defender dos seus gostos aberrantes porque contra-natura.  
    

21 de Janeiro de 2015.
                                                         Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Diálogos novos...


«Físico R4 - A nossa estação orbital pode estar a ser vítima de um ataque conjunto de países com uma ideologia diferente da nossa! podem querer acabar com a nossa civilização globalizante e, assim, utilizarem astros e vegetais ou máquinas e até o próprio conceito abstracto do tempo…

Matemático H30 - Ah, ah! como se o tempo fosse convertível em alguma coisa material… e conseguem, com os seus estratagemas, aparentar uma realidade concreta onde se encontra apenas uma de natureza espiritual, como é o caso do pensamento.

Informático E11 - Pela primeira vez, surgem no ecrã, e precisamente na maior auto-estrada de informação planetária, objectos, máquinas e astros conversando entre si e, desse modo, transgredindo pela primeira vez, todas as leis da física, da biologia, da engenharia tecnológica e do próprio mecanismo cerebral humano!»

(Do romance de Teresa Ferrer Passos, Planeta Joyce 8,
1ª edição, Harmonia do Mundo, 2007, pp.61-62)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Aniversário do Fernando

Viana do Castelo


NASCER

Nos laços intrincados em nós largos,
nasceste para desenrolar a vida.
Estava frio. Os teus dedinhos esticados
queriam desvanecer o desconforto.
O teu olhar, atento aos vidros da redoma,
pensava rompê-la. Nada te satisfazia ali.
Rumaste assim ao mar do Norte.
E o Norte começou a guiar-te, ouvindo
o grito infinito da tua voz chegando ao areal.
Foi no areal que o mar te desenhou um barquinho.
Logo zarpaste em busca de oceanos.
Uma manhã, viste a sombra de uma árvore.
Havia um denso nevoeiro.
Primeiro, tiveste medo,
mas com uma inesperada confiança,
olhaste de novo. Só estava ali a árvore.
Onde estariam os fabulosos mares?
Afinal, na tua frente, havia apenas o sinal
de uma impenetrável, imensa floresta.

           14 de Janeiro de 2015

                                                    Teresa Ferrer Passos

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

No 75º aniversário da Casa do Gaiato



Casa do Gaiato em Torre de Moncorvo
Numa democracia, a liberdade de expressão de pensamento, não se pode limitar a órgãos de comunicação social, como os jornais ou revistas. A liberdade de expressão de pensamento não se pode restringir apenas a campos restritos de aplicação, como as ideias e as imagens veiculadas por esse meio. A liberdade de expressão de pensamento implica também a liberdade de ensinar e de educar de instituições que obedecem a princípios éticos cristãos. Este é, por exemplo, o caso das Casas do Gaiato, autênticos colégios com internato para rapazes sem família, com famílias problemáticas ou inadaptados.

Fundadas segundo a orientação do excelente pedagogo da infância, o conhecido Santo Padre Américo, como o povo lhe chamava. Não se pode admitir que as Casas do Gaiato criadas para oferecer uma formação moral e social a rapazes pobres, se tenham de submeter a exigências de modelos usados noutras instituições geridas pelos funcionários da Segurança Social estatal. Pretender impor técnicas e pressupostos administrativos generalizadores de uma pedagogia de princípios secularizados, sem que as Casas do Gaiato recebam qualquer apoio do Estado, não faz qualquer sentido.

Como disse o padre Júlio Pereira, em entrevista à Agência «Ecclesia», “por vezes a sociedade organiza-se de tal maneira que impede a livre ação dos cidadãos, acaba por controlar em demasia essa ação e coartar a espontaneidade que é necessária para realizar esse trabalho, essa experiência de vida”. Neste contexto, o padre Júlio Pereira, admite o fim das Casas do Gaiato em Portugal se a instituição continuar a ser alvo de imposições de natureza técnica e burocrática inadequada à essência da mensagem da altíssima figura que foi o Santo Padre Américo.

No dia 10 de Janeiro, por ocasião da comemoração do aniversário da 1ª Casa do Gaiato fundada em Portugal, o Professor Henrique Manuel Pereira da Universidade Católica do Porto fez uma conferência sobre o Padre Américo (1887-1956). Foi ainda inaugurada a exposição “Pai Américo e a Obra da Rua”.

12 de Janeiro de 2015
                                                                    Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A força do Espírito Santo


«Podes fazer mil cursos de catequese, mil cursos de espiritualidade, mil cursos de ioga, zen e todas essas coisas. Mas tudo isso nunca será capaz de te dar a liberdade de filho (...)».
«Só o Espírito Santo é que move o teu coração para dizer “Pai”. Só o Espírito Santo é capaz de saciar, de romper esta dureza de coração», tornando um coração doente num coração «dócil» a Deus e «à liberdade do amor»
       Vaticano, 9 de Janeiro de 2015
Papa Francisco

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Primeiro dia


A luz ubíqua
O mar feito de luz
E as rochas, as pedras, as pessoas
E a poesia que nasce debaixo dos meus pés,
Matéria e Espírito:
Flocos de luz
Arrancados ao seio luminoso desta tarde
Beleza em fúria
A ânsia nos olhos e nas asas
Os pedaços de pão podre esfacelados
Pelos ávidos bicos das gaivotas

1/1/2015

Fernando Henrique de Passos