sexta-feira, 30 de maio de 2014

No presente, toda a visão de Deus...


Com rosas, espalhando o amor...

Rosas, a flor predilecta de Teresa do Menino Jesus
«Teresa de Lisieux descobria que havia um caminho, um caminho cheio de tesouros escondidos, uma pequena via que englobava todas as vocações ainda não avivadas, e esse caminho era o do AMOR. Estas palavras do poema "Os meus desejos junto do Jesus escondido na sua Prisão de Amor" (1895) revelam a alegria da maravilhosa descoberta: "E posso ganhar em cada dia / Um grande número de almas para Jesus / Abrasando-as no seu amor".
Aqui vemos como Teresa sente uma outra missão ao seu alcance, que a considera uma primícia de Jesus, cheio de confiança, a depositar-lha nas suas débeis mãos. Ela poderia transmitir aos missionários a força do amor, esse fogo que tudo pode envolver, tudo pode redimir e tudo pode ressuscitar.
Com que carinho Teresa do Menino Jesus podia fazê-los crescer no zelo pelo serviço, no espírito de sacrifício, na coragem ante os obstáculos, mesmo na temeridade entre os inimigos da fé. Por isso, escreve no seu diário: "Ó Jesus, meu Amor, a minha vocação encontrei-a finalmente, A MINHA VOCAÇÃO É O AMOR!"»
      
      Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, p.98.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O pequeno e... grande caminho: o amor

Miosotis, uma das flores preferidas de Teresa do Menino Jesus


«"Viver de Amor, é enxugar-Te a Face" escreve Teresa. Enxugar essa Face de Jesus a gotejar suor e sangue e água, durante o tormento da via sacra e também nas horas que se seguiram. Essa Santa Face de Jesus, a espelhar toda a dor humana e todo a dor divina ante o pecado aviltante da humanidade, a indiferença que renegou Deus, que esqueceu o seu Amor de Pai. De facto, como acentua Emmanuel Levinas, "na expressão [da face], o ser que se impõe não limita, mas promove a minha liberdade, suscitando a minha bondade". O convívio, no próprio nome e na devoção, com a Face de Jesus gera mais uma fonte de santidade, fonte essa que provoca a mudança do ser imperfeito e o aproxima do Santo.»

           Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, pp.62-63.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Lançamento de "Santa Teresa do Menino Jesus"

Nigela dos trigais, uma das flores predilectas de TMJ

  «O espaço sagrado crescia no imaginário de Teresa incessantemente. A realidade mostrava que ela se sentia "tão fraca, tão frágil", que só encontrava a força necessária para viver no sustentáculo sacro de Deus. Como ela "para sempre queria unir-se á Força Divina!...", como ela procurava no vasto oceano da divindade de Jesus umas gotinhas de água viva, regeneradora e revigorante.»
                                      
             Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, p.57.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Na barca de Pedro


                                                            

                                                                       «in memoriam» António Manuel Couto Viana
           I

Quando o Vate é Vaticano
E alor, camoniano,
Sinto o Sopro, e em todo o mundo,
São João Paulo II.

Que anamnese, e frol de anil,
Que Mistério a Ti remete!!!!!!!
Oblativo, e cor de Abril,
Foi no dia vinte e sete.

          II

Santo Padre, Tu, que és Pai,
Dá-me a loa, lis e lai,
Dá-me a Lira, em lar e Luz,
Companheiro de Emaús.

E no berço, que me abraça,
Irisando, Iria Cova,
E em Maria, que me enlaça,
A novela, e Boa Nova.

Vem o Jove, jovial,
Vem o múnus, minerval,
Vem o Verbo, em lis e laias,
Vem o verde. E são as Maias.

Queluz, 23/ 05/ 2014

AD MAJOREM DEI GLORIAM


               Paulo Jorge Brito e Abreu

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Gerador de van der Graaf


Uma volta mais da manivela.
O espaço em torno da esfera carregada
Aguarda o grito de uma estrela,
Um estremecer de fada.

Uma volta mais da manivela.
A vibração do aço à beira de romper
Fende o azul metal da tela
Onde o pintor anota o decorrer

Da experimentação espiritual,
Enquanto o dono da capela
Não grava a fogo no vitral
A palavra que traz no seio dela

O sentido oculto e ancestral
Da volta final da manivela.


9/5/2014

Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Cosmogonia Moderna



COSMOGONIA MODERNA

No princípio há Deus e o Diabo. No princípio o Diabo lança sobre Deus a membrana do espaço-tempo para o aprisionar. No princípio Deus tenta libertar-se da membrana e irrompe através dela em múltiplos pontos, mas não a consegue furar em nenhum desses pontos.

(O Universo que conhecemos é a membrana do espaço-tempo com as múltiplas protuberâncias provocadas pelo esforço de Deus para se libertar. Algumas dessas protuberâncias, uns biliões, são os seres humanos. Os actuais, o que já existiram, e os que ainda vão existir. O Diabo procura fazer crer aos seres humanos que cada um é independente dos outros e incute-lhes desejos egoístas que acabam por os virar uns contra os outros. O que lhe convém, porque só a união de todas as protuberâncias permitiria a Deus furar a membrana que o aprisiona.)

No princípio há um rasgão numa dada zona da membrana. No princípio Deus sente-se rico. Muito mais rico do que se não houvesse aqueles biliões de seres humanos e todas as demais protuberâncias. E cada ser humano, dos muitos biliões de seres humanos, concorda que é verdade.

16/5/2014

Fernando Henrique de Passos

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Actualidade de Santa Teresa do Menino Jesus

Santa Teresinha do Menino Jesus
«A sua obra não deixa de inspirar historiadores, teólogos e filósofos, ávidos de decifrarem a sua personalidade e de explicarem a sua fulgurante popularidade. A pequena teoria do Amor mereceu longas referências de quase todos os Papas do século XX e dos princípios do XXI. Vários motivos poderão explicar a actualidade inquestionável de Santa Teresa de Lisieux.

Lembramos ainda que ela condenou as práticas das pesadas penitências, dos castigos corporais infligidos pelos monges e recusou ver em Deus um Deus castigador onde existia só um Deus de misericórdia; com Jesus, Deus é um Pai que ama e que só se quer ver amado no rosto dos outros, nos rostos daqueles que sofrem, que foram abandonados, que são perseguidos porque são fiéis à verdade, à pureza, à humildade.

Com Teresa nascia toda uma doutrina de vida para a conquista da santidade; relevamos nela a espantosa acessibilidade ao delinear-se com pensamentos profundos, mas expressos com as mais simples palavras. Talvez por essa razão, Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, esteve sempre muito atento, seguindo-a, igualmente, com o seu sorriso e abnegação nos sofrimentos da grave doença que o levaria à morte.

A revelá-lo, a Homilia de 19 de Outubro de 1997 (1), em que Wojtyla atribuiu a Santa Teresa de Lisieux o título de Doutora da Igreja com uma vasta argumentação: «Ela fez resplandecer no nosso tempo o fascínio do Evangelho»; «Tornou-se um ícone vivo daquele Deus que mostra o seu poder sobretudo no perdão e na misericórdia»; «Fez ver a importância que as fontes bíblicas têm na vida espiritual»; «Pôs em evidência a originalidade e o vigor do Evangelho». Neste longo texto sobre a actualidade de Teresa, salientava João Paulo II este seu pensamento lapidar: «Compreendi que só o amor fazia actuar os membros da igreja e que se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue»(2)

Na «Pequena doutrina», como lhe chamava, Teresa inscrevia a «CIÊNCIA do AMOR», a ciência que a nenhuma outra se equipara. Não escrevia ela que a Jesus bastava «lançar flores, não deixar escapar um pequeno sacrifício, nenhum olhar, nenhuma palavra, e valer-se de todas as pequenas coisas e fazê-las por amor»(3) Não eram esses pequenos caminhos − na aparência, tão pobres para oferecer ao Criador do Universo − que Jesus, o Deus encarnado, mais apreciava?»*

Teresa Ferrer Passos



(1) João Paulo II, Carta Apostólica Divini Amoris Scientia, 1997.
(2) O Papa Pio X considerou-a «a maior santa dos tempos modernos». O sucessor de João Paulo II, Bento XVI, diria sobre Teresa de Lisieux que ela «louvou a ciência das realidades divinas para ensinar aos outros a via da salvação». No dia 6 de Abril de 2011, Bento XVI dedicava-lhe, quase na íntegra, a sua Audiência Geral: «Confiança e amor são o ponto final da narração da sua vida, duas palavras que como faróis iluminaram todo o seu caminho de santidade para poder guiar os outros pela sua mesma pequena via de confiança e de amor». Na Catequese sobre Santa Teresa do Menino Jesus, em 6 de Abril de 2011, o Papa Bento XVI diria: «Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, que viveu neste mundo somente 24 anos, no final do século XIX, conduzindo uma vida muito simples e escondida, mas que, após a morte e a publicação dos seus escritos, tornou-se uma das santas mais conhecidas e amadas» . Na carta para o dia 11 de Fevereiro (Dia Mundial do Doente) de 2013, Joseph Ratzinger − no dia em que renunciou às funções pontifícias − referiu-se a Santa Teresa de Lisieux como uma santa que vivera «em profunda união com o Paixão de Jesus a doença que a levou à morte no meio de grandes sofrimentos», e, apontava «o exemplo de Santa Teresa do Menino Jesus para se encontrar o sentido do sofrimento». Advertia ainda que «alguns santos, incluindo Santa Teresa, servem de exemplo e de estímulo às pessoas doentes para aceitarem o sofrimento do ponto de vista humano e espiritual».
(3) Manuscrito B, f.4.
* Excerto da palestra proferida pela autora no Círculo de Espiritualidade e Cultura e na igreja de S. João de Deus em Lisboa, respectivamente em 17 e 19 de Fevereiro de 2014.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Pelas redes internéticas


Diálogo na "rede inter-planetária ZN4":
 
A Idade Global da tecnologia computacional

  «Ww/2 - Que vejo na rede ZN4?!! Precisamente na mais poderosa rede do Império Global! És tu, Tr 3!!! Quem te quis cortar o sonho de estudares os enigmas do planeta Mercúrio 35? E querias pensar… pensar muito… que disseste?! Pensar, é isso… pensar! O que fizeste… é proibido pensar livremente no Império do Sol Poente… esqueceste-te de que vivias no Império Globalizante, Tr 3?!!! As coisas que disseste na rede computacional supervisionada pelo Comando da Vigilância Suprema… como criticámos a Ordem Global… isso é demasiado arriscado dentro deste sistema meta-lógico!
  Wb.3 - Há uma vigilância férrea para aqueles que se atrevem a soltar as amarras do pensamento… e que querem ser livres como os pássaros que sobem às alturas sem nada conter as suas asas… que ousadia revelar o gosto de pensar numa cultura sob a mordaça do materialismo meta-lógico elevado à décima terceira potência… e que tragicamente controla todos os cidadãos do Império…

   Subitamente, o ecrã perde a luminosidade. Então, Wb.3 deixa de ver os corpos inertes de Tr 3 e de Cf8, que estavam a poucos milímetros das respectivas cabeças. Mas se entendia a morte do Tr 3, como justificar a de Cf8?!! Uma voz que lhe era totalmente desconhecida entra na rede ZN4, sem que tivesse tocado em qualquer tecla. Wb.3 fica de novo imóvel.
   Frente ao ecrã maravilhoso, os alimentos sólidos não lhe faziam falta. Só de vez em quando levava à boca um tubo de leite ultramagro, um pacote cúbico de sumo de fruta artificial sem aditivos ou uma drageia de minerais seleccionados.
   A escuridão do ecrã interiorizou-se nas faces pálidas e suadas de Wb.3. Mais uma vítima da liberdade de pensar caía no Império Global, mas Wb.3 continua sem ser capaz de explicar o assassinato de Cf8. »       
                          
           Teresa Ferrer Passos, Planeta Joyce 8, Harmonia do Mundo, 2007, pp.98-99.

domingo, 11 de maio de 2014

S. José não pára de trabalhar...


No sono de S. José nascem os sonhos, sonhos que entrega a Jesus, tendo neles inscrito os pedidos do Papa Francisco... Os bilhetinhos colocados sob a imagem de S. José (uma das poucas coisas mandadas vir de Buenos Aires pelo Papa Francisco, para o seu quarto na Casa de Santa Marta) acumulam-se e, assim, o santo, dormindo, não pára de trabalhar!
                                                                  Teresa Ferrer Passos

Fonte:  Blogue «Sacri Palazzi» do jornalista do Vaticano Andrea Tornielli  

sábado, 10 de maio de 2014

Santo Papa João XXIII

No Concílio Vaticano II

Tendo pertencido à Ordem Franciscana Secular, o Padre Giuseppe Roncalli nasceu em 1881, numa aldeia italiana. Distinguiu-se com diplomata em vários países tendo sido Núncio Apostólico em Paris. No seu curto pontificado de cinco anos (de 1958 à sua morte, no ano de 1963) escreveu oito encíclicas, sendo as principais a Mater et Magistra e a Pacem in Terris.
Com o Presidente Schumann em Paris


Devido à sua bondade, simpatia, sorriso, jovialidade e simplicidade, João XXIII era aclamado e elogiado mundialmente como o "Papa bom" ou o "Papa da bondade". Mesmo assim, vários grupos minoritários de católicos tradicionalistas acusavam-no de ser da Maçonaria, radical esquerdista e herege modernista por ter convocado o Concílio Vaticano II e promovido a liberdade religiosa e o ecumenismo. 


Ele foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II no dia 3 de Setembro de 2000. É considerado o patrono dos delegados pontifícios e a sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de Outubro.

Foi canonizado em 27 de Abril de 2014, domingo da Divina Misericórdia, juntamente com o também Papa João Paulo II. A missa de canonização foi presidida pelo Papa Francisco e concelebrada pelo Papa Emérito Bento XVI.

Fonte: Wikipedia

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Fermento no meio do mundo


«Nestes tempos em que vemos surgir tantas comunidades de aliança, que buscam se santificar e desenvolver o seu apostolado no meio do mundo, podemos constatar a atualidade desde tão antigo caminho aberto por nosso seráfico pai São Francisco de Assis, isto é, a vivência radical da fé e de uma espiritualidade comum sem abandonar a própria profissão e família, sendo fermento do Reino de Deus no meio do mundo.»

Frei André Luiz da Rocha Henriques
(Igreja do Sagrado Coração de Jesus, Petrópolis, Brasil)

quinta-feira, 8 de maio de 2014

A Igreja precisa do testemunho

Estêvão, 1º mártir do Cristianismo, dava testemunho de Jesus pelas acções quotidianas

«Quando a Igreja se fecha sem dar testemunho, torna-se estéril»
Papa Francisco

  
A Igreja deve ter um posicionamento frontal nas relações humanas; tratar as pessoas com doçura, na sinceridade, sem desprezar, sem complexos de superioridade sobre os outros. Muitos sacerdotes e leigos da Igreja fazem, com frequência, artigos para revistas, conferências e homilias encapotadas em saberes muito acima da média cultural. A confusão gera-se com o avanço de teorias desconhecidas, a propósito até de dogmas de fé.   Também há leigos com funções religiosas nas paróquias que são de difícil trato, falando aos outros com as suas decisões indiscutíveis porque, julgam, têm a graça de Deus com eles.
  
Há intelectuais ligados à Igreja com comportamentos narcísicos o que invalida as abordagens das temáticas religiosas; é notório o modo soberbo com que se debruçam sobre santos que não atingiram a sua craveira intelectual. Julgam que o saber desses santos, feito de sensibilidade e experiência, sem um alto fundamento de erudição, não é valioso, afinal, não é mais do que nocivo. Nos seus estreitos ângulos de visão, só a erudição é sábia e, assim, dá estatuto, perante Deus e os homens.

Apresentam-se santos mais eruditos, outros nem tanto. Logo, merecem menos atenção, menos destaque. Ora o Cristianismo passa, como considera e muito bem o Papa Francisco, pelo testemunho que oferece o contacto humilde com o próximo, o modo de cada um ser na vida de relação; não basta mostrar conhecimentos interpretativos rebuscados, frases de estranho significado, discursos exaustivos a afundarem-se em complexos vocábulos que ninguém conhece.

É assim que, sacerdotes e leigos ligados à Igreja de Cristo, querem dar testemunho? Julgam que, assim, dão testemunho? Não. Reduzem a missão apenas a uma insípida explanação de ostentatória e estéril linguagem, propagam uma religião hermética, sem comunicação com o que está fora, o que devia ser procurado, como fazia Jesus. Esta Igreja redutora julga não precisar de mais nada para ganhar o céu. Esquece que se equivoca. O testemunho é exigente. Não o é a exibição de qualquer título eclesiástico e académico. Muito menos é Igreja, um padre receber de costas voltadas ou a ler o jornal da paróquia, aquele que está à porta a tentar aproximar-se, a procurar uma ajuda.

O testemunho implica dar o exemplo de estar pronto para socorrer aquele que está desempregado, aquele que vive solitário porque perdeu a família, aquele que tem mais de cinquenta anos e é tratado como se fosse um velho, ao tirarem-lhe a esperança de ser testemunho do Evangelho, gratuitamente. A vida de todos os dias é rica em muitas pequeninas coisas na relação com os outros. Só nessas ocasiões se é chamado a dar testemunho de Jesus; e isto é seguir Jesus no servir o irmão que está à nossa frente. O testemunho é difícil porque a Igreja se esquece da «construção do Reino de Deus». Como disse Jesus, os que o querem seguir devem começar pela construção do Reino, depois «tudo virá por acréscimo».

A pregação de Jesus foi directa à acção. As acções é que serão avaliadas no Juízo Final, não o que ficou pelas extensíssimas arengas, pela erudição cultivada nas academias pedagógicas que publicam interpretações infindáveis. A isto resta ficar escondido nos sótãos dos séculos. Sem respirar com Jesus Cristo o ar da simplicidade e do fraterno encontro, a Igreja fica estéril. Para essa Igreja, o racionalismo ainda impera: assim, ou a religião se racionaliza ou a religião tem apenas uma dimensão ignara, onde se instala a torpe devoção popular, sem qualidade superior, sem qualidade de sábios.
      
A devoção popular, com baixa cotação nas redes sociais da ciência, da tecnologia, da inteligência, torna-se sinónimo de mentecapta e obsoleta. Como considera o Papa Francisco, esta Igreja, formada por intelectuais – eruditos, sacerdotes ou leigos  tem de ceder muito terreno ao testemunho, mesmo que este implique o martírio. Se assim não acontecer, o risco de a Igreja se perder cada vez mais de Jesus, torna-se iminente.

O primeiro exemplo do testemunho, que tudo ultrapassou dando a própria vida, foi Estêvão, jovem discípulo da comunidade de Jerusalém. Foi ele que, com o seu ousado testemunho, mostrou que o perigo de perder a própria vida não o assustava. Diz-nos o memorial dos Actos dos Apóstolos que Jesus acabara de vencer a morte e o sepulcro, ressuscitando. Com este sentido novo da fé, Estêvão testemunhou e foi o primeiro mártir. O testemunho de Estêvão não era aceite pelos judeus mais cultos. Porém, ele não fugiu. Não mudou de comportamento. Não teve medo de desagradar. Logo, as pedras da perseguição atingiram-no, mas não o fizeram mudar. A morte não seria uma porta fechada porque outra porta abria-se-lhe no céu. 

8 de Maio de 2014
                                            Teresa Ferrer Passos

domingo, 4 de maio de 2014

Primavera

Ria Formosa na margem norte da ilha de Faro
 A realidade espreguiça-se na erva
E não quer mais ser imperatriz
E nem se importa de ser serva,
Se preciso, e também diz

Que nunca se sentiu tão verdadeira,
Que nunca se sentiu tão cortejada,
Que nunca se sentiu assim à beira
De permitir ser desvendada.

As abelhas passeiam-lhe no peito
Testemunhando o seu transporte
E o sussurrar do nome do eleito.
Já chegou Maio ao hemisfério norte!


2/5/2014

Fernando Henrique de Passos

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Tempo da infância

   
Teresa Martin aos três anos

   «Porque vive a força irresistível do amor, a descer das águas férteis do tempo da infância, Teresa faz do Amor a graça maior que recebe do céu. Um céu, sem dúvida, do tamanho do pequeno grão de mostarda. Esse é verdadeiramente o seu Céu, cheio de encantos. É um «grão de mostarda» o seu Céu, como ensinara Jesus. Tão pequenino. É nele que um dia espera entrar, pois uma alma de criança está viva no seu coração. A criança que o Menino Jesus representa no cognome que escolheu, continua exuberante, não deixa de a habitar. Dissera Jesus que só com a transparência de sentimentos de uma criança, um adulto pode ter entrada no reino de Deus.»

         Teresa Ferrer Passos, Santa Teresa do Menino Jesus e a Força dos seus Pequenos Caminhos, Edições Carmelo, 2013, pp.48-49.