quinta-feira, 8 de março de 2018

Hildegarda de Bingen, talvez a primeira a lutar pela emancipação da mulher


Pintura de Hildegard von Bingen



     Hildegarda de Bingen (1098-1179), nasceu no Sul da Alemanha e ingressou na ordem beneditina na infância. Aos 15 anos professou. Na biblioteca do mosteiro, o estudo aliou-se à sua inteligência e sensibilidade. O seu gosto pelo aprofundamento dos conhecimentos da época, tornou-a uma das mulheres mais sábias da Idade Média. Cultivou a pintura, a medicina, a teologia, a música gregoriana, a biologia e a poesia.

     A sua vida mística conjugou-se com a sua capacidade profética. Contra aqueles que a olhavam com desconfiança por ser mulher, nunca abdicou de defender a pureza do Evangelho de Cristo. As suas cartas a criticar um clero ávido de benefícios e pouco escrupuloso na prática da doutrina de Jesus, mostraram a sua personalidade arrojada, intemerata mesmo. Não tinha medo de denunciar os que desobedeciam a Deus, de combater heréticos assim como de se impor perante o próprio Papa.

     Fiel aos princípios de uma Igreja unida à volta de Jesus, escreveu lindos poemas à Virgem, «Santa Maria», sempre realçando as suas imensas virtudes. Escreve Hildegarda: «O teu Nascituro do céu enviado deste ao mundo». Na invocação do poema XXI de «Santa Maria», chama a atenção para Maria como «autora de vida» e também aquela que «reedifica a salvação»(1). 

     No poema XXV de «Santa Maria», Hildegarda eleva-A ao ponto de dizer: «Tu a morte destruíste / edificando a vida»(2). Assim, poderemos dizer que Maria é a Mulher única. Maria é a Mãe única. Ela é a «bênção suprema / em feminina forma / mais que toda a criatura», acentua Hildegarda. O seu estatuto é único, como Mulher e como Mãe. Então, não sobe Ela à altura de Deus? Pois, insiste ainda, Maria destruiu a morte: «Ilustre Virgem a destruiu»(3). 

     A Devoção solicitada ao mundo por Maria, a Senhora que «vem do Céu», como se identificou à escolhida pastorinha Lúcia, uma menina de dez anos, que iria transmitir a toda a Terra, as suas mensagens, confirma a altura a que subiu. Como Maria revelou a Lúcia, seu Filho, Jesus, enviava-A ao mundo para A «fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu imaculado coração» (4) 

     Na verdade, a Mulher foi o veículo a quem Deus teve de recorrer para a salvação da morte irremediável da humanidade. Assim o salientava Hildegarda, já no século XII. A salvação para o ser humano alcançar a vida eterna exigira a encarnação de Deus. Mas, o Salvador, o Filho de Deus, só podia salvar todo o ser humano com a plena colaboração de uma Mulher, e essa Mulher chamou-se Maria.

Dia Internacional da Mulher, 8 de Março de 2018

Teresa Ferrer Passos

(1) Hildegard von Bingen, Flor Brilhante (Tradução de Joaquim Félix de Carvalho e José Tolentino de Mendonça), Assírio & Alvim, 2004, p. 71. 
(2) Idem, Ibidem, p.73.
(3) Idem, Ibidem, p.79.
(4) Um Caminho sobre o olha de Maria – Biografia da Irmã Lúcia, Edições Carmelo, 2013, p. 57.


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