quinta-feira, 6 de julho de 2017

Efrém, o Santo e o Poeta Sírio


Santo Efrém (306-373), teólogo e grande poeta sírio


O poeta sírio Efrém (306-373) cultivou a teologia cristã como uma sabedoria literária e poética. Nascido em Nisibe, na Síria (hoje Turquia) ofereceu-se para servir a Igreja cristã. O Bispo Tiago, nesta cidade, deu-lhe protecção e, vendo a sua inteligência, fê-lo diácono. Mais tarde, convidou-o para formar uma escola teológica em Nisibe. Quando o Imperador de Roma, Juliano, entregou Nisibe aos persas pagãos (seguidores de Zoroastro), Efrém exilou-se, com os seus discípulos e fundou outra escola teológica na cidade de Edessa (cidade síria nos tempos antigos e atualmente turca com o nome de Urfa).

Nisibe, atual Nusaybin no sul da Turquia,
perto da fronteira norte da Síria

Ambas as escolas combatiam as heresias que cresciam dentro da própria Igreja. Perscrutando a emoção de que está revestido o cristianismo, e conhecendo bem a natureza humana, Efrém viu na poesia, na composição musical e na prosa poética, a grande força da busca da verdade e da conversão dos pagãos. Assim, contemplativo e asceta, escreveu hinos de louvor, orações, composições musicais e uma prosa imbuída de poesia.


Para Efrém, a liturgia, como expressão artística (declamação de poemas, cânticos musicados, etc), consegue transmitir a doutrina de modo muito mais eficaz para as conversões ao cristianismo  do que longos discursos de fundamentação filosófica (racionalista). A sua teologia nova, cheia de emoção, aliava-se à altura poética e literária de Efrém. Os seus dotes fazem-no ascender à craveira de santo e Doutor da Igreja em 1920 (com o Papa Bento XV). Pela beleza dos seus escritos teológicos foi chamado «a harpa do Espírito Santo».



Neste primeiro centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima (1917-2017), lembremos como Efrém, o Sírio, invocou Maria, Mãe de Cristo, de um modo grandioso:

«Mais resplandecente que o Sol, conciliadora do céu e da terra, paz, alegria e salvação do mundo».

Num dos seus Hinos à Virgem, escreveria:

«Convida-me a Virgem a cantar o mistério que contemplo com admiração. Dai-me, ó Filho de Deus, o vosso admirável dom, pelo qual eu afine minha lira e consiga pintar a imagem toda bela da vossa bem-amada Mãe.»

Sobre a Natividade, Santo Efrém, exaltando a grandeza humana de Maria Santíssima, sublinha, com um tom de profunda beleza, toda a humildade de Deus:

«O Senhor veio a ela
para tornar-se servo.
O Verbo veio a ela
para calar em seu seio.
O raio veio a ela
para não fazer ruído.
O pastor veio a ela,
e nasceu o Cordeiro, que chora docemente.
O seio de Maria
trocou os papéis: 
quem criou tudo
apoderou-se dele, mas na pobreza. 
O Altíssimo veio a ela (Maria), 
mas entrou humildemente.
O esplendor veio a ela, 
mas vestido com roupas humildes.
Quem tudo dá 
experimentou a fome.
Quem dá de beber a todos
sofreu a sede. 
Saiu dela nu, 
quem tudo reveste (de beleza)»

(Himno «De Nativitate» 11, 6-8)


O poeta e teólogo Santo Efrém, viria a ser um precursor da tradicional forma síria de fazer teologia. A sua devoção por Maria, levou-o a estar entre os primeiros que a Igreja cantou, ao revesti-la de glórias imensas. Na Igreja cristã do Oriente, chamaram-lhe  o Poeta de Nossa Senhora. 

6 de Julho de 2017 (dia em que se celebrou o meu Batismo, aos 11 meses de idade)

Teresa Ferrer Passos




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