terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Relativismo moral

Na sua forma mais comum, trata-se de um problema de preguiça mental, uma mistura de falta de tempo e paciência para ler, estudar e pensar; uma falsa interpretação do que significa ser humilde ("quem sou eu para dizer o que é verdade?"); e uma falsa interpretação do que significa ser tolerante ("quem sou eu para impor a verdade"?) 
Nesta primeira intervenção na opinião da tarde, proponho uma batalha sem tréguas contra o relativismo moral. 
O bem e o mal existem: não somente em filmes como "A Guerra das Estrelas" mas também em múltiplas decisões do dia a dia. 
Não se trata de ser intolerante ao ponto de impor a verdade aos outros. Trata-se de ser coerente, propondo sem descanso o que cremos como valores perenes e absolutos. 

Luís Cabral 
(aos microfones da Rádio Renascença, a 29/1/2013) 



A sociedade actual tem a memória cada vez mais a apagar-se da verdade e a mergulhar num labirinto de verdades.

Teresa Ferrer Passos

Onde está a Ética da Justiça?*



É uma prepotência a decisão deste tribunal obrigar os pais pobres a perder filhos entre os seis meses e os sete anos, com vista à sua adopção por outros casais, estes ricos! O critério do bem-estar da criança não pode só obedecer a razões de ordem material. A sua retirada da custódia dos pais não deve obedecer só a razões de ordem material! Parte o tribunal, parece-nos, do princípio de que os bens materiais são o único alicerce para a felicidade humana! E não são! Este tribunal entende que todos os outros bens que uns pais pobres podem oferecer, nada valem, em relação aos bens materiais! A Ética está a desaparecer das decisões judiciárias. A injustiça vai-se impondo e apagando os princípios fundamentais da Justiça...

Teresa Ferrer Passos

*Ver notícia da Rádio Renascença

sábado, 26 de janeiro de 2013

Só é permitida a entrada a pessoas não autorizadas



O vento que sai das frinchas do castelo
Tacteia a montanha, que se eriça.
O vento uiva, como num apelo;
Desce devagar a ponte levadiça.

Esboça-se no ar uma promessa,
Que logo o letreiro vem negar.
Desceu a ponte ‒ ninguém a atravessa;
Tudo é deserto, frio a soluçar.

O agrimensor, trágico, espera,
Consulta um alfarrábio poeirento
E pensa sem cessar. Ah, quem lhe dera
Poder dispensar o pensamento!

26/1/2013

Fernando Henrique de Passos

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

No dia dos teus anos













É o dia dos teus anos.
Nasceste para “construir o reino”.
Nasceste cheio de alegria
para traçar a construção sem fim,
toda vida, na procura incerta,
na via dos caminhos, na do abismo,
nas horas da esperança, na do desespero,
no ganhar e no perder,
na plena confiança e na dúvida.

É o dia dos teus anos.
Nasceste para “construir o reino”.
Num dia chuvoso como hoje,
sereno e mais frio,
poucos dias depois do Natal,
o Natal de Jesus que nasceu
“para construir o reino”,
sem abrigo certo, sem medo.

É o dia dos teus anos.
Nasceste para “construir o reino”.
Por isso, aqui estou.
Aqui estou, para contigo “construir o reino”
de braços abertos como um mar,
sem paredes que cerquem,
sem amarras que tolham,
apenas, indefesos e livres…

14/1/2013

                            Teresa Ferrer Passos

sábado, 12 de janeiro de 2013

Nascimento de Jesus


«Deus, fazendo-se carne, quis fazer-se dom para os homens, deu-se a si próprio por nós».
(…) «Deus não deu qualquer coisa mas deu-se a si próprio no seu filho unigénito»

«Aqui, a palavra “carne” indica o homem na sua integralidade,, nomeadamente na sua “caducidade e temporalidade”, “pobreza e contingência”».

Deus «assumiu a condição humana para a sanar de tudo o que a separa dele» e desejou «a riqueza imensa e inesgotável que é Cristo, o Deus feito homem».

«Revesti-vos de Cristo! E, com Ele, o vosso Ano Novo não poderá deixar de ser feliz».
                         
Bento XVI (Catequese semanal
sobre o Nascimento de Jesus
 em 9 de Janeiro de 2013)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

De cada dia, um dia*


Começa a tua vida de cada dia, como se não tivesses antes,

como se fosses uma criança que começa a cada momento,

sem nada saber do passado, mas que tacteia o mundo

cheia de ousadia, de desejo de descobrir, 

e procura caminhos onde vê pedras,

e salta por obstáculos como se fossem amparos,

e anda, mesmo caindo e chorando,

para depois se levantar e começar a rir

como se não tivesse caído…

Encara a tua vida de cada dia como uma criança

que vive como se cada dificuldade não envolvesse

perda, mas ganho, como se a vida começasse

a cada instante, sem princípio nem fim…

9 de Janeiro de 2013

                                    Teresa Ferrer Passos


* Em 9 de Janeiro de 2013 foi publicado na Internet, blogue “Harmonia do Mundo”, este excerto do meu romance Jesus até ao fundo do coração, ainda inédito. O título desta oração foi dado na mesma data. 

domingo, 6 de janeiro de 2013

Madrugada



(avoco, para a Musa, o 6 de Paus como Arcano)

à Hermética Irmandade dos Amigos da Luz

Amor, que em santas plagas me dás, ó querida,
O lábaro e Levita, as laudas, o canto,
A Lira tu me dás em Outono da vida,
E sem mágoas nem dor, tu bailas entretanto.

Minha meiga d' Amor, ó minh' Alma de Almada,
Ó sépalas tombando branquinhas, em cor......
Ó pomba, minha pomba, não vês, em alvorada,
A criança, querida, nos braços d' honor???

Sente as áleas, ó frol. Em castas e Menas
A Lua foi dália, as Almas dançaram......
Se fez o dia a neve, e em círios, ou cenas,
Se fez a noite nácar. E sinos tocaram.

MENS AGITAT MOLEM

Paulo Jorge Brito e Abreu

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Ensina-me a viver



«Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você: não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.

Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.

Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou?

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.

Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende."

Cora Coralina*

* Poetisa brasileira (1889-1985) que publicou o seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, aos 76 anos. Foi considerada uma das obras mais importantes do século XX.